Lara Batista fala sobre o seu trabalho de inclusão no Colégio Mão Amiga: “Quando um aluno é visto, quando é percebido, a aprendizagem acontece”
- Mão Amiga

- 20 de out.
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Psicopedagoga da área de Inclusão, ela trabalha para promover aprendizagem personalizada, acolhimento e diversidade no dia a dia dos alunos
Com olhar sensível e escuta atenta, a psicopedagoga Lara Batista tem transformado o cotidiano do Colégio Mão Amiga em um espaço cada vez mais acolhedor. Aos 45 anos e mãe de duas filhas, ela dedica seu trabalho à inclusão, que vai muito além das deficiências: envolve o acompanhamento individualizado de cada aluno, a mediação de conflitos, a construção de vínculos e o apoio às famílias. “Eu tento enxergar além: o que a gente pode fazer a mais?”, explica, destacando que o seu objetivo é garantir que cada aluno, independentemente de suas dificuldades ou características, seja visto, compreendido e tenha oportunidades para se desenvolver plenamente dentro da escola.
Psicopedagoga há nove anos, Lara sempre se sentiu movida por uma curiosidade genuína diante dos alunos que apresentavam alguma dificuldade. “Eles sempre me encantaram. Quando um aluno é visto, quando ele se sente percebido, a aprendizagem acontece”, conta. Antes de chegar ao Mão Amiga, atuava apenas na área clínica, conciliando atendimentos particulares e aulas de reforço. Foi durante a pandemia, em 2020, que conheceu o Colégio. “Estava navegando nas redes sociais e vi uma vaga, me identifiquei com a proposta e me inscrevi. Fiz os testes, mas veio a pandemia e tudo parou. Meses depois, surgiu outra oportunidade e decidi tentar de novo. Entrei como assistente de coordenação do Ensino Médio, e desde então me apaixonei pelo colégio e pela sua filosofia”, relembra.
O primeiro contrato foi assinado ainda no formato remoto, com reuniões e aulas acontecendo por telas. Mesmo à distância, Lara começou a criar laços com os alunos e a compreender a cultura de acolhimento do Mão Amiga. Com o retorno das aulas presenciais, a identificação se fortaleceu. Em 2023, passou a integrar o Departamento de Psicopedagogia, espaço que se tornou referência na mediação entre alunos, famílias e equipe pedagógica. Hoje, acompanha de perto estudantes com deficiências, síndromes, TDAH e dificuldades de aprendizagem, além de atuar em situações que envolvam aspectos emocionais e sociais.
O dia a dia de Lara é marcado por encontros, escutas e mediações. Ela promove reuniões com psicólogos, fonoaudiólogos e outros profissionais externos que atendem os alunos, orienta famílias sobre acompanhamentos necessários e realiza atendimentos individuais com estudantes que não estão em um bom dia, oferecendo um espaço seguro para conversas. “O que eu mais gosto é estar com os alunos, ser uma referência, alguém que eles sabem que podem procurar quando precisam de ajuda”, conta.
Entre os projetos mais significativos que coordena estão os encontros com famílias atípicas, momentos criados para acolher pais e mães de alunos com deficiência, mas abertos a todos que desejam aprender sobre o tema. O grupo, que começou pequeno, com cerca de sete famílias, hoje reúne dezenas de participantes em rodas de conversa que acontecem duas vezes por semestre. “A ideia é que essas famílias se sintam pertencentes. Que elas saibam que aqui seus filhos são vistos e acolhidos dentro de suas potencialidades”, explica.
A atuação da psicopedagoga no Colégio Mão Amiga também abrange pautas sociais essenciais. Em parceria com o comitê antirracista e o comitê antibullying do colégio, ela contribui na construção de uma cultura restaurativa, baseada no diálogo e na reflexão. “Nossa política não é punitiva, é restaurativa. Quando algo acontece, procuramos entender o que aquele aluno deixou de usar, qual virtude ele precisa fortalecer para não repetir o erro”, explica. A proposta é formar cidadãos empáticos, conscientes e capazes de reconhecer o impacto de suas atitudes.
Entre cadernos, escutas e desafios diários, Lara segue firme no propósito de construir uma escola cada vez mais humana. “Aqui, o aluno é nosso, então o que podemos fazer por ele? Quais ações o colégio pode fazer? Isso é o que eu costumo repetir”, afirma. E é nessa pergunta que se revela a essência do seu trabalho: ver o aluno em sua totalidade, enxergar além das diferenças e cultivar, todos os dias, uma educação feita de presença, vínculo e pertencimento.











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